Primeiro edital lançado pelo fundo Sempre SanFran atraiu 16 projetos da comunidade de alunos e professores da faculdade
Criado no ano passado por um grupo de ex-alunos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da USP, o fundo patrimonial Sempre SanFran acaba de selecionar os primeiros projetos que receberão apoio financeiro de R$ 200 mil.
O Sempre SanFran tem hoje R$ 8 milhões na conta e outros R$ 10,5 milhões compromissados que entrarão até 2025, arrecadados junto a 100 ex-alunos. O valor de R$ 185 mil por ex-aluno é simbólico: representa o quanto eles gastariam hoje para se formar em uma universidade privada. Comuns nas universidades americanas, os fundos patrimoniais ou endowment são fundos cujos rendimentos são usados para doações. Junto com o anúncio dos projetos, o Sempre San Fran está lançando também uma campanha de arrecadação aberta, sem valor mínimo. O fundo também vai constituir um banco de horas com profissionais dispostos a oferecer tempo para colaborar com a gestão e atividades do próprio fundo.
O fundo já conta com a assessoria financeira pro bono do UBS e tem as suas contas auditadas pela E&Y, também de forma pro bono.
Essa primeira rodada de investimentos tem um caráter simbólico. Embora não tenha dado tempo para fazer retiradas da remuneração do fundo, a ideia foi tangibilizar as demandas da universidade para atrair mais doações. O edital atraiu 16 projetos da comunidade franciscana, dos quais quatro foram selecionados. — São todos projetos importantes e que demandam muito mais dinheiro — diz Bárbara Rosenberg, sócia do BM&A, formanda da turma de 1997 e uma das idealizadoras do fundo, ao lado de Floriano de Azevedo Marques. — O contexto das cotas mudou muito a realidade da faculdade e a questão da permanência estudantil é uma pauta prioritária para a comunidade da franciscana —, completa Bárbara. Dos 16 projetos apresentados, 10 estão ligados à pauta de inclusão e diversidade. A faculdade recebe 460 alunos por ano, dos quais 50% são cotistas oriundos de escolas públicas. Destes, 30% são pretos, pardos ou indígenas.
Dos quatro projetos que serão apoiados, dois atuam para viabilizar a permanência de alunos cotistas: Adote um Aluno, que busca complementar a bolsa oferecida pela própria USP; e o Projeto de Permanência e Dedicação Acadêmica (PPDA), que também oferece ajuda de custo para que os alunos de baixa renda não precisem trabalhar e possam se dedicar aos estudos.
Também receberão apoio projetos de pesquisa de extensão acadêmica do Laboratório de Governo, na área de direito público, e o Departamento Jurídico 11 de Agosto, que presta apoio jurídico gratuito para a comunidade e que receberá recursos para a compra de computadores.
Segundo Barbara, a ideia do Sempre SanFran é aproximar a faculdade dos ex-alunos, ampliando o alcance para além do apoio financeiro com os rendimentos do fundo.
O cursinho Arcadas, que ajuda alunos de baixa renda para entrar na faculdade, não foi selecionado neste primeiro edital, mas sensibilizou um advogado próximo ao fundo, que resolveu doar diretamente. Barbara e Floriano também estão a procura de formas de viabilizar a reforma da Casa do Estudante, moradia de estudantes localizada no centro.
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